A arte de persuadir

quinta-feira, 23 de junho de 2011
Texto: Lucas Salles
Edição: Mayra Wenzel


“Estão vendo aquela parede? Eu vou contar até três e gostaria que quando eu terminasse a contagem todos vocês olhassem para ela”. Contagem feita e a maioria dos rostos virados para a parede. Foi assim que o Doutor em Comunicação e Diretor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Celso Figueiredo deu início à sua palestra, afirmando que um bom publicitário gosta de “conhecer o perfil do seu consumidor”.

Celso Figueiredo foi convidado pelas Faculdades Integradas Rio Branco para falar sobre “A persuasão nos meios digitais: como fazer funcionar a propaganda em tempos de redes sociais”, durante a 11º edição da Semana da Comunicação.

Com uma breve história da comunicação, mostrou a evolução da propaganda e da persuasão nos meios de comunicação, exemplificando cada um deles. De forma exacerbada, Celso deu uma verdadeira aula de persuasão para a plateia que, inconscientemente, era prendida por seus atos. A escolha do suéter laranja, a constante movimentação e a interação com o público já demonstrava uma das formas de persuadir, o face a face.

Com uma mistura de exibicionismo e conteúdo,apresentou como o domínio da comunicação consegue influenciar as pessoas ao consumo, explicando assim a diferença existente nas propagandas para cada veículo de comunicação e ressaltou a importância de adequar a mensagem para o veículo desejado.

Mostrou um dos primeiros tipos de propaganda feita e, para elucidar, utilizou o cartaz feito pelos Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial convocando mais soldados para a guerra.

Sem perder o protecionismo foi pretencioso na escolha do áudio para demonstrar ao público uma propaganda do Mackenzie, universidade que dirige, feita para o rádio. Porém, um mestre na Arte da Persuasão sabe bem o que fala e, até mesmo quando disse que “não queria fazer propaganda”, sua real intenção era essa, fazer a propaganda do Mackenzie e deixá-la gravada em nosso inconsciente.

Apresentou também, a propaganda da Cerveja Andes, veiculada na TV Argentina e uma propaganda da Tiger produzida para os Cinemas. Sua constante preocupação em satisfazer e persuadir o público era grande, por isso durante a apresentação dos comerciais visuais pedia para que as luzes do auditório fossem apagadas para maximizar a atenção da plateia, medidas necessárias para um apresentador que além de tudo estava demonstrando como persuadir a plateia.

Depois de uma verdadeira aula sobre persuasão, Celso introduziu ao verdadeiro tema de sua palestra, “A persuasão nos meios digitais: como fazer funcionar a propaganda em tempos de redes sociais”.

Dando início ao tema, explicou sobre o termo Interação que é muito utilizado hoje em dia quando se fala em redes sociais e internet - que, que segundo ele, o que acontece não é uma verdadeira interação e sim um simulacro de interação, em linguajar jovial um fake, pois o contato face a face está deixando de existir, o que o preocupa, pois a comunicação que deveria ser feita com contato visual agora é feita através das tecnologias da informação que os publicitários tanto incentivaram.

A interação é o ponto chave que as empresas devem explorar agora, pois neste novo modelo de mercado as empresas devem segundo Celso:

- Fornecer conteúdo e receber em troca o Goodwill.
- Ter personalidade e com isso gerar identificação com o consumidor.
- Atentar-se ao fato de que empresa e consumidor compartilham de uma mesma visão de mundo.
- O relacionamento é delicado.
- Chegar chegando é um ponto fraco, pois, quanto mais varejista menor é a credibilidade.
Quando questionado por um aluno do 5º semestre de Relações Públicas sobre as formas de relacionamento atuais e como as universidades devem se portar na hora de formar futuros comunicólogos, ele disse estarmos vivendo dentro de um paradigma onde não é possível realmente falar sobre a internet e redes sociais já que é tudo muito recente e, se fossemos parar para estudar isso quando estivéssemos com o material inteiramente pronto, este tema de estudo já estaria atrasado para as tendências da futura época.

Acredito que não fui apenas eu, mas imagino que outras pessoas também saíram do auditório se perguntando “Tá, mas como eu faço para persuadir e fazer propaganda nessa era de Redes Sociais?”. Acho que Celso Figueiredo ficou mais concentrado em como nos persuadir, do que nos ensinar a persuadir nessa nova era digital.