“Nós exportamos nossas telenovelas a aproximadamente duzentos países”, conta o maestro Rafael Righini, sobre sua paixão

Rafael Righini abriu o ciclo de palestras da 11ª Semana de Comunicação das FRB

Texto: Isabelle Stepanies
Edição: Diego Rafael
Foto: Giselle Diaz

Rafael Roso Righini é Doutor em Comunicações e Mestre em Artes pela Escola de Comunicações e Artes da USP - Universidade de São Paulo; é Bacharel em Composição e Regência pela Unicamp e em Música pela FASM - Faculdade Santa Marcelina. Cursou Aperfeiçoamento em Composição, Orquestração, Arranjo e Regência no Conservatoire de Musique de Genève, na Suíça.

Professor da Universidade São Judas Tadeu do curso de Rádio e TV, e, na UNIP em Publicidade & Marketing. Publicou o livro "A Trilha Sonora da Telenovela Brasileira" (Ed. Paulinas) - um dos destaques da Bienal internacional do Livro de São Paulo em 2006. Seu livro é um estudo das formas de produção das músicas de novela. O projeto nasceu no período em que viveu na Suíça.

Em 2003, assumiu a Direção-Musical e a Regência do “Especial Record - 50 anos”, e por esse trabalho, recebeu o Prêmio Ary Barroso como "Melhor Diretor-Musical e Regente". No mesmo ano (2003), atuou como Diretor-Musical do espetáculo "O Mágico de Oz", conquistando o XVI Prêmio Magnífico como "Melhor Diretor-Musical e Regente", dirigindo-o no Chile, após o sucesso da temporada brasileira.

O palestrante falou de importância da novela, que é consumida mas não recebe o devido valor e é, inclusive, um produto de exportação. “Nós exportamos nossas telenovelas a aproximadamente duzentos países.” Elas mostram o Brasil e suas várias realidades para o mundo todo.

O maestro conta do filme “Entre lençóis”, que se passa dentro de um quarto de motel, e a dificuldade que surgiu na construção da trilha. “A música é o terceiro personagem da cena” que se passa entre um casal, e ela representa as emoções da relação e do diálogo entre os personagens.

Égon Ferreira participou da palestra de Rafael Righini

Ele fez um jogo interativo com o auditório, tocando acordes e perguntando qual sentimento desperta nos expectadores. O aluno Égon Rodrigues, da quinta etapa de Jornalismo, inventou uma história curta e Rafael tocou uma trilha animada, que combinava com a narração e depois duas que destoavam completamente para mostrar a relação da trilha com o conteúdo, que criam “paisagens musicais”.

Fundamentação musical com os clichês, que fica claro para todos. Todos do ocidente pois no oriente as construções estão cristalizadas de forma diferente, com até vinte e três notas musicais. Diferente do Ocidente, que reconhece no máximo doze. “O segredo é o repertório” aconselha Rafael, dizendo que para um diretor musical ter sucesso deve ampliar seus conhecimentos. Ele indicou para os alunos Richard Wagner, o grande compositor alemão que quebrou com a “tirania” das sete notas musicais.

O maestro mostrou uma cena da minissérie “Aquarela do Brasil” para exemplificar a importância do silêncio dramático, onde apenas vozes e ruídos são os elementos sonoros da cena. Em seguida mostrou a mesma cena com três trilhas de fundo diferentes para fazer a comparação e mostrar o poder que o som tem, de manipulação da cena.

Para finalizar, o palestrante falou de relação comercial da telenovela com a trilha sonora: “A telenovela é a grande vitrine de vendas.” Por isso existe a assiciação comercial entre a novela e a trilha sonora, que precisa ser vendida.

Caio Bibiano, da quinta etapa de Jornalismo, perguntou a relação entre a questão do merchandise e a trilha sonora das telenovelas. Rafael respondeu que a trilha sonora é composta por diálogos, ruídos, trilha orquestrada e trilha musical, que é a vendida como trilha sonora da novela, tem extrema importância, mas o merchandising não é diretamente relacionado com essa produção sonora.

Alunos da FRB acompanharam a interativa palestra de Rafael

A aluna Márcia Leite, da quinta etapa de Relações Públicas, perguntou como é a questão de uma trilha sonora para uma apresentação corporativa. “A trilha sonora valoriza a apresentação do produto e é baseada nos elementos clichês também, que mexe com a emoção do consumidor.”

O maestro terminou a apresentação cantando a música do Antônio Marcos “Como vai você”, gravada pela Daniela Mercure para a novela “Uga-Uga”.