Fotos: Égon Ferreira
Considerado um dos grandes nomes da história do radiojornalismo no Brasil, cuja história profissional se funde e se confunde com a do próprio Repórter Esso, exibido pela primeira vez em 1941, o radialista Dalmácio Jordão participou ontem, 29/8, no campus das Faculdades Integradas Rio Branco, em São Paulo, do lançamento do livro “70 anos de Radiojornalismo no Brasil”.
Dalmácio começou que começou sua carreira quase por acaso e ao ser chamado em casa para cobrir a falta de um radialista da Rádio Clube de Marília, no interior de São Paulo. O ano era 1947, somente seis depois de o Repórter Esso ter estreado e apenas 3 antes de ter sua primeira exibição na Rádio Tupi, onde foi apresentado pela primeira vez, em 1950.
Realizado simultaneamente em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, o evento reuniu, na capital paulista, cerca de 600 pessoas, entre professores, mestres e doutores das FRB e de outras universidades de São Paulo, além de grandes nomes do rádio.
Homenageado pela professora Patrícia Rangel, responsável pela organização de um dos 22 capítulos do livro e coordenadora do curso de Jornalismo nas FRB, Dalmácio Jordão, emocionado, falou com o Profissão Foca.
Profissão Foca: O que é ser um Repórter Esso?
Dalmácio Jordão: Ser Repórter Esso sempre foi um sonho na minha vida. Desde criança eu acompanha o programa, pois meu pai não perdia uma edição. Me empenhei muito para conseguir um lugar ao sonho e posso dizer que, sem dúvida, ser Repórter Esso foi um sonho realizado. Me dediquei de corpo e alma.
PF: O que ainda é comum no rádio, 70 anos depois?
DJ: O rádio continua sendo ágil. É mais ágil do que a TV, do que o jornal e do que a revista. O Repórter Esso foi criado e criou uma linguagem especial, feita exclusivamente para o rádio. Eram frases longas e curtas, intercaladas. Nos cinco minutos de programa, dedicávamos 40% de espaço para notícias nacionais, 40% para notícias locais e 20% para notícias internacionais. O rádio era o diário oficial da população brasileira. E o rádio de hoje segue os mesmos parâmetros.
PF: Como é ser repórter 24 horas por dia?
DJ: É muito especial. Eu tinha em casa um equipamento para transmissões extraordinárias. E usei em situações que são marcos da história, como foram a morte do Papa Pio XII, as guerras da Coréia e do Vietnã, além da chegada do homem à lua, entre as de maior destaque e que noticiei.
PF: Qual é o futuro do rádio?
DJ: O rádio não vai ficar por aqui. Como canal de informação, ele continua ágil, crescendo e cativando as pessoas. É preciso gostar de ser radialista, estudar, se empenhar e levar a sério o desafio da carreira como radialista. A web, a rádio digital são novas tecnologias que chegaram e vão ficar. É preciso estar preparado.
PF: Que notícia você não deu e gostaria de ter dado?
DJ: Esta é fácil: queria ter noticiado um encontro de chefes, governantes e líderes de estado se reunindo para declarar a paz no mundo.